ESCAMBO POPULAR

O Movimento Escambo de Teatro Livre de Rua é um movimento de irradiação cultural que reúne, atualmente, além de grupos de teatro de rua, poetas, e artistas populares dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Açailândia no Maranhão, Uruará no Pará, Samambaia no Distrito Federal, Campinas em São Paulo, Rio de Janeiro, Canoas no Rio Grande do Sul e Rosário na Argentina, com o intuito de socializar suas experiências artísticas, culturais, políticas e comunitárias.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ESCAMBO EM TRAVESSIA - ARACAJÚ-SE

Aracajú-SE, foi a primeira parada do Escambo em Travessia com uma programação definida junto com militantes da ANEPS-SE. Três espetáculos no mesmo dia. O primeiro foi "O Casaco de Urdemales" as 08 da manhã no Mercado Público, que ainda tava enfeitado dos festejos juninos, grande tradição Nordestina e sucesso em Aracajú-SE.
Fica nossos agradecimentos a todos os que colaboraram em Sergipe com o ESCAMBO EM TRAVESSIA
Nossa chegada a esse espaço cultural maravilhoso...
Alegria do Vitor Miranda por chegar em Aracajú-SE
Em seguida, Vitor, embaixo do Jaraguar, brincando com arte popular
Jardeu Amorim, em pleno Mercado de Aracajú, brincando e brincando...
O atrevimento da Bia, personagem criada e interpretada por Jardeu Amorim, com o público do Mercado Público de Aracajú-SE
Gracinha, vivido por Berg Bezerra, não fica atrás. Ataca o experiente senhor que assiste O Casaco de Urdemales

Junio Santos chamando o povo
Uma visão da Roda a ser utilizada no Mercado Público de Aracajú
Diego Tavares interpretando o Mateus
Jardeu Amorim
O Falso Fradinho com Berg Bezerra
RODADA DE CHAPEU - DIEGO EM AÇÃO -
RODADA DE CHAPEU -LEO ALVES EM AÇÃO -
ENTRADA DO ZÉ PAVÃO

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ENTREVISTA DE JÚNIO SANTOS PARA O JORNAL MOSSOROENSE


O ator, diretor e agitador cultural Junio Santos foi entrevistado pelo jornal O Mossoroense, abordando o Movimento Escambo Livre de Rua que neste ano marca 20 anos deste movimento cultural. Junior Santos fala do processo de construção e das articulações, de engajamento e de manutenção neste tempo. Fala dos momentos do Escambo em Icapuí e dos grupos de teatro da cidade, em especial do Grupo Flor do Sol. Veja a entrevista realizada pela jornalista Larissa Newton na edição de hoje.


JUNIO SANTOS


Na última quinta-feira, diversos grupos articuladores do Movimento Escambo Livre de Rua se reuniram em Janduís para discutirem alguns detalhes do XXX Escambo, que ocorrerá de 28 de abril a 1º de maio naquela cidade. A data também vai marcar os 20 anos de existência deste movimento cultural independente. O Escambo são encontros de diversos grupos de artistas de várias cidades, estados e até de outros países, que se reúnem para compartilharem e trocarem suas experiências culturais. Um dos articuladores é Junio Santos, que participa do Escambo desde a sua fundação. Quando indagado sobre a sua profissão, Junio a define como brincante popular. Nesta entrevista, ele fala da magnitude deste movimento livre e democrático. Ou talvez anárquico seja uma definição melhor?

por: Larissa Newton

Leia abaixo a entrevista completa:


O Mossoroense: Falando no Escambo Livre de Rua, você está desde o início? O movimento está prestes a completar 20 anos.

Junio Santos: Na verdade, ele existe há mais tempo, mas com esse nome existe desde 1991. Então ele está fazendo 20 anos. Éramos um grupo de seis pessoas. O Alegria Alegria, de Natal, e que existe até hoje, e havia uma possibilidade de ser feito o Festival Nacional de Teatro de Rua. E assim começamos a fazer alguns questionamentos. Como fazer o festival nacional de teatro de rua se a gente não sabe quem faz teatro de rua no Estado? Desta forma nós começamos a ver que já existiam alguns grupos. Não era só o Alegria Alegria. Havia o grupo Baraúnas, em Lagoa Nova. Estava surgindo o grupo Terra, em Mossoró, inclusive o fundador foi o Aécio (Cândido) hoje vice-reitor da Uern. O grupo Terra tinha uma atuação que acontecia na rua e no palco. E do grupo Terra acabou surgindo o Arruaça e o Escarcéu, com o Nonato e o Augusto, que eram as duas figuras iniciais. Depois veio a Lenilda, a Marta....bom, nessa época nós vimos que havia grupos de teatro que faziam teatro de rua, espalhados por Natal e pelo interior. Então, antes de fazer o festival nacional, saímos pelo interior para fazermos uma pesquisa por conta própria e vimos que estava surgindo um movimento muito forte na cidade de Janduís. Era um movimento de arte popular e de cidadania no meio da seca, das crianças morrendo de fome, e estas crianças estavam recitando Brecht, Carlos Drummond de Andrade, tudo em cima das pedras. Antes tinha chegado lá um paraibando, que estudava no Rio de Janeiro, chamado Raí Lima. Ele é um dos fundadores do Escambo. O Raí estava fazendo um estágio da formação dele, que era em Literatura, e o que ele escolheu como estágio foi desenvolver um trabalho no interior, no sertão da Paraíba ou do RN. E este trabalho acabou fazendo a nossa cabeça também, porque vimos que era uma coisa muito forte. E em 1988 eu vim pela primeira vez a Janduís para dirigir um espetáculo. Chamava-se a Festa do Rei, com o grupo de Currais Novos. E a gente começou a ver que Janduís seria o melhor local para se fazer o encontro de artistas de rua do Rio Grande do Norte.

OM: Por que Janduís?

JS: Escolhemos Janduís porque o povo estava passando fome. Passando por um descaso do governo federal e estadual também. Havia uma seca muito forte, havia uma pistolagem dominante e havia arte. Onde há o caos, a arte brota com uma facilidade muito grande. E a própria forma de viver das pessoas é fazer arte onde há morte. A própria vida brota onde há morte. E resolvemos fazer em Janduís. E este Escambo tinha a participação do grupo Terra de Mossoró, do Alegria-alegria de Natal, dois grupos de Januís, o grupo Baraúna de Lagoa Nova, o grupo de Campo Grande e vinha uma delegação da cidade de Icapuí (CE) que estava começando a desenvolver um trabalho de cultura e queria saber o que era esse tal de teatro de rua. E aí nós fomos discutir como íamos chamar isso. Aí o Climário sugeriu a palavra escambo. Já que estávamos levando comida, outro levando rede, outro colchão, e a gente ia trocar com a comunidade para poder fazer esse teatro pra eles, então era escambo, uma troca onde ninguém devolve nada a ninguém. Mas troca pela necessidade. Um carro tem o mesmo preço de uma cabeça de alho, dependendo da necessidade. Mas nós imaginávamos que esse seria só um, não iria ter outro. Até porque era uma coisa efervescente. Na cidade ninguém mais saía à noite com medo da pistolagem. Pessoas atiravam pra cima, depois das dez horas da noite passavam em carros para matar alguém em outro canto da cidade, e os cidadãos começaram a sair para as ruas por causa da arte. Os espetáculos iam até as 10h30, 11h da noite. Inclusive teve um chamado "João de Deus e o Diabo", onde abrimos uma peleja dos artistas contra o público. Aí como o público não saía quando o espetáculo terminava, a gente resolveu que não terminava o espetáculo nunca. E ficávamos inventando, inventando, voltando cena, quando deu duas horas de espetáculo, um ator virou pra mim e disse: Junio, eu não aguento mais. O povo não vai embora! E a gente se rendeu ao povo de Janduís. Quando dava sete horas, o povo já ficava pelas esquinas esperando o cortejo passar, e o cortejo virou um carnaval. E a noite a gente sentava numa creche que era onde estava toda a hospedagem e a alimentação, e rolava conversa sobre a gente se encontrar de novo. E quando foi no último dia, o grupo Folia, de Carnaúba dos Dantas, disse que tinha lá o mesmo problema: fazemos arte, temos três grupos e nenhum apoio da prefeitura. Seria legal se vocês fossem lá para nos fortalecer. Então a gente viu que era muito legal ir lá para fortalecê-los. É como você dizer: olha, fazemos teatro, mas não estamos sós. De várias partes do Estado, inclusive do Ceará, tem gente que nos apoia. E aí terminamos o escambo em Janduís num dia 1º de maio de 1991, e já fizemos outro no dia 18 de agosto em Carnaúba dos Dantas. Saímos com sete grupos em Janduís e chegamos em Carnaúba com 20.

OM: E qual foi o resultado de Janduís?

JS: Tiramos muitos manifestos pela arte. A gente pensa que a arte só vai ficar bem e todo mundo vai produzir quando todos tiverem direito a viver legal. A ter uma casa, saúde e lazer. Poder ter férias, poder passear com a família e poder consumir arte de uma forma tranquila. Então a gente fez vários manifestos, saímos em caminhada à prefeitura, ao governador. Depois, em Carnaúba dos Dantas surgiu ainda o Escambarte, onde os artistas vão a um bar na cidade, já previamente acertado, e depois passam o chapéu para ajudar a custear os grupos durante o próprio evento. E foi uma mobilização muito grande da comunidade. Fizemos o espetáculo "A saga da mina " porque lá o povo vivia de minério, e diziam que o minério tinha acabado e a culpa era de Deus. Na verdade, eram as grandes empresas querendo comprar os minérios, e só precisavam de uma máquina que tirasse mais lá embaixo. Então nós montamos um espetáculo que mobilizou banda de música, clube do idoso, crianças locais. A companhia elétrica teve que desligar as luzes da rua porque a cidade todinha foi iluminada com tochas. Foi uma grande produção, com a banda tocando, e foi um espetáculo que marcou aquela cidade. Quando foi no último dia e a gente partiu para as conversas de avaliação, que a gente chama a roda de despedida, o pessoal de Icapuí falou que lá tinha tudo: alimentação, hospedagem, que a Prefeitura de Icapuí estava querendo investir em arte e criar um departamento de cultura onde teatro seria o carro-chefe. E em janeiro de 1992 estávamos lá. E de uma média de 150 pessoas passamos para 600. Eram mais de 30 grupos, com quatro espetáculos por noite, isso em janeiro de 92. E a partir daí o Escambo foi crescendo, tinha gente do Maranhão, do Pará.

OM: Esta é a primeira vez que você fala de apoio oficial?

JS: Na verdade, a gente sempre fez uma troca com as prefeituras. Era o espaço em troca de espetáculos. A prefeitura em alguns casos garantia a alimentação. Mesmo assim os alimentos perecíveis os grupos sempre levavam. Mas a partir de Icapuí, o Escambo passou a ter uma ressonância muito grande e passamos a receber grupos de Uruará no Pará, Acailândia de Imperatiz, de Catolé do Rocha na Paraíba. Hoje a gente tem mais escambos no RN que no Ceará.

OM: Já estamos com quase 20 anos de Escambo. Conte uma história fantástica!

JS: Tem uma que é inesquecível. Foi na cidade de Santa Cruz. Estávamos na época do sexto ou sétimo ano, não lembro bem, estávamos numa conversa com o Unicef. Estávamos desenvolvendo uma ação de educação. Era o Escambo e a Educação de Qualidade, que tinha por objetivo incentivar as crianças a se matricularem nas escolas públicas. Aí a gente ia às escolas públicas nos finas de semana, deixava tudo aberto, e levava as crianças para dentro para brincar. Então o Unicef disse que a gente podia fazer isso de rua em rua. Então fomos fazer o Escambo. Só que na verdade era uma Semana Santa, e a igreja foi contra e o juiz também era contra. A prefeitura nem se fala, e a delegacia também. E tínhamos escolhido um bairro que eles chamavam de favela, e que se chamava Paraíso. E quando chegamos lá, éramos cerca de 500 pessoas, e íamos ficar nesses Caics que são muito grandes. Quando chegamos lá só tínhamos conseguido duas coisas para comer: alguns pacotes de macarrão e algumas latas de almôndega que tinham sobrado da merenda escolar. E as pessoas - 600 pessoas - começaram a chegar para jantar e só tinha isso. Alguns começaram a chorar, outras entraram em desespero, e já iam telefonar para avisar aos outros que não viessem, pois não tinha comida, aí nós fomos para uma grande conversa no refeitório. O Raí colocou que naquele momento, no nosso país, mais de 40 milhões de pessoas também estavam sem ter o que comer, mas que essas pessoas não tinham a felicidade de ter conseguido este espaço para fazer arte. Por isso aprendiam a viver e a lutar pela vida. E então, o negócio era logo pela manhã a gente sair pela rua logo cedinho, fazer teatro para conseguir comida. E assim, no outro dia nós conseguimos um caminhão com uma pessoa da cidade, e as seis horas da manhã já tinha grupo pintado, arrumado, e fomos de caminhão pelas ruas de Santa Cruz, pelas feiras, e daqui a pouco chega um cara com uma máquina de café daquelas que bota em congresso, e disse: ó, a padaria mandou isso aqui, e mandou dizer que vai entregar 600 pães de manhã e 600 de tarde. E começou a chegar comida, e mais comida, e os cozinheiros começaram a se animar, e pra completar, na sexta-feira santa comemos peixe e tomamos vinho na hora do almoço. E no domingo pegamos toda a comida que sobrou, e que foi muita - aliás foi o escambo que teve mais comida - e distribuímos numa comunidade com as crianças que estavam passando fome, e que comiam com a gente no Escambo. Então isso é uma coisa que marca muito neste movimento: resistência e persistência.

OM: O Escambo vem funcionando por quase 20 anos praticamente às próprias custas. Se houvesse recursos, o Escambo seria o que é?

JS: Nós tivemos por alguns anos. 2006, 2007 e 2008, foram as únicas vezes em que conseguimos recursos. E estes recursos não eram muita coisa, mas foram através de Edital do BNB. Em 2006, conseguimos R$ 7 mil, para fazer o Escambo na Redonda, em Icapuí. A gente conseguiu mais R$ 5 mil com a Petrobras, e assim deu para trazer o Amir Hadad do Rio, que é o mais antigo mestre de teatro de rua do Brasil. Pagamos o transporte dos ônibus dos grupos e a alimentação. Os grupos não entraram com nenhum tostão. Em 2007 fizemos em Carnaúba dos Dantas, e conseguimos R$ 11 mil. Trocamos com algumas pessoas da cidade o café da manhã, a prefeitura foi responsável pela água, e o dinheiro cobriu o transporte e a alimentação. E fizemos em Umarizal, em 2008, o XXIII Escambo que foi o maior escambo até hoje, com mais de 400 pessoas alojadas em duas escolas da cidade. Foi um escambo em que contamos com gente de todo o país. E aí a gente sabia que se fosse de edital em edital a gente conseguia de novo. Mas aí a gente achou que ia ficar viciado, e o dia em que não tivesse não ia fazer Escambo. Discutimos isso tudo, porque não se pode ficar só dependendo do governo, ficar um grupo que só depende de recursos públicos. E a parceria com a comunidade? Mas agora para o Escambo dos 20 anos, fizemos projeto, porque a gente quer trazer companheiros de São Paulo, do Rio de Janeiro. Tem gente que quer vir com os seus espetáculos pra cá, e tem vontade de ver e viver o escambo como é. Mas a gente não tem dinheiro para ajudá-los a virem. Há pessoas que passaram pelo escambo e hoje estão na Argentina, no Pará... e a gente quer trazer todo mundo pra cá. E também tem outros grupos. O Movimento Nacional de Teatro de Rua hoje é uma rede muito forte. Somos mais de 4 mil grupos de teatro de rua nesta rede. O escambo tem sido o espelho para esta rede, apesar de que nesta rede tem gente que só discute edital e cargos públicos.

OM: E como é a relação do Escambo com a mídia?

JS: A gente não tem tido uma relação forte com a mídia. No final das contas é nossa culpa (risos). Mas temos histórias em que a mídia vai atrás. O movimento de Janduís é uma prova disso. O grupo de teatro de janduiense em dois anos captou mais recursos do que a Prefeitura gasta com cultura. Então é um grupo que consegue se distribuir pela região dando cursos e promovendo espetáculos. E as pessoas cresceram, estão ocupando seus espaços dentro da sociedade local. Eram pessoas que moravam em casinhas de taipa e hoje estão na Câmara Municipal. Outro exemplo é o grupo Flor do Sol de Redonda (CE). Lá só tinha uma pessoa formada na Redonda, que era um professor de matemática. Hoje na Redonda está quase todo mundo formado, todo mundo estudando. Todos estimulados pela própria cultura. Hoje, as crianças quando nascem, os pais já querem que elas entrem no Flor do Sol, por que assim os meninos não entram no crack, não vão roubar. Os meninos estudam, viajam, têm bagagem. Isso é um exemplo. Os nossos grupos todos vêm da zona rural, e tem uma história de vida muito forte. As grandes histórias de sucesso no Escambo são de pessoas que superaram as dificuldades, ocuparam seus espaços na comunidade. O Escambo alimenta a cidadania. O sucesso é que o Escambo muda a vida das pessoas. Temos que desmistificar que a arte é para os escolhidos, ela é para todos. Arte é fácil de ser feita, todo mundo pode. Basta despertar nas pessoas a possibilidade de fazer. O problema é a preguiça.

Fonte: Jornal O Mossoroense

segunda-feira, 2 de maio de 2011

XXX ESCAMBO - 20 ANOS - JANDUÍS-RN - 2011

O 30º Escambo foi marcado pelo calor do dia e os temporais das noites; Pelas dificuldades de chegar e de sair de janduís; Por calorosos debates e grandes e cansativos cortejos; Por uma população abrindo as portas de suas casas para os artistas do mundo; por uma criançada participativa que não arredava os pés da Creche Tia Alice local onde os escambistas se reuniam e por tantas e tantas coisas que nada melhor do que transcrever o que poucos escambistas já escreveram dentro da rede do escambo e tópicos da entrevista que Ray Lima deu aos escambista Jadiel Lima, dias antes do XXX Escambo em Janduís-RN.

Saudações aos Escambistas de plantão,

Aqui em Janduís estamos ainda articulando materiais que tivemos que deslocar de nossas sedes, casas, secretarias e arrumando tudo mesmo. No domingo, muitos grupos sairam e deixarm as salas todas pra nós aqui de Janduís, outros cumpriram e entenderam a relação de ser coletivos.

Ficou aqui uma relação e um indicativo de diálogo entre os grupos. Entendemos que algo vai acontecer. Refletimos muito sobre algumas posições apoliticas, anarquistas que respeitamos mesmo não tendo nossas posiçoes respeitas até por desconhecidos nesse movimento. Mas, é isso que vai fazer valer nossas posições, ideais e busca pelo complemento de tantos pensamentos diferentes.

No final, por volta de umas 16h, domingo, 01 de maio, mesmo com muitos artistas Flamenguistas, as cozinheiras fizemos uma pre avaliação do Escambo de Janduís. Deveremos emitir um opinião coletiva em rede e eu já estou escrevendo a minha avaliação e sugestões.

Até breve!

BERG

Escambistas de todo esse mundo!!!
Meu abraço!

Caro junio,
Bote silenciosa nisso!!!

Mais um ESCAMBO! Mais um encontro de arteiros desse mundinho lindo nossoo...

Um encontro comemorativo, um encontro festivo! Pra mim, um encontro reflexivo, observador! De perguntas! Questionamentos! Indagaçoes!

De todos os encontros em Escambo, esse foi um dos em que mais pude sentir intimamente o que essa força escambista ê capaz de fazer com uma pessoa!

Foi fantastico ouvir todas aquelas pessoas! Sentir cada historia invadir nossa alma, e ate mesmo sentir o silencio que por muitas vezes invadia nosso meio e que foi capaz de me trazer muitas lagrimas que me trazia muitas respostas que eu procurava em palavras!

Cada gesto, cada olhar, cada respirar, cada passo, cada gota daquela chuva, foi capaz de trazer uma grande reflexâo para o que vivo, para o que faço, para o que penso sobre Escambo, para o meu fazer Escambo, para isso, para aquilo!

Acredito Junior, que esse silencio seja o reflexo, o respalde de muitas reflexoes! De muitas perguntas e questionamentos! Isso talvez é bom! Talvez alguem fique cutucando até encontrar respostas e soluções!

É isso galera!

De volta as nossas atividades rotineiras, né!
Mais viva! Mais forte!

Abraço!

ADRIANE MAIA / TRIBO DA ARTE

Sou participante do movimento escambo apenas 03 anos, me lembro com muita alegria do turbilhão de Umarizal em 2008, cerca de 800 artistas de rua, eu quanto grupo Utopia levando a vivencia de construção de brinquedos com material reciclável e uma cena poesia declamando o poema "Sonho Impossível", juntamente com Magno, Jocler e Dan Dan... Incrível como de lá pra cá o movimento escambo é presente em minha vida e passei apenas pelos escambos de Janduís, São Miguel do Gostoso, Fortaleza, Lucrécia, Umarizal, Guaramiranga, esses foram os encontros que eu estava presente, mas o escambo, desde 2008 passou ser meu dia a dia, as vezes muito intenso e as vezes muito leve, senti bastante por não estar presente neste ultimo, parecia que eu tinha faltado a minha 30 vivencia de encontro de escambo. Porém fiquei por aqui, fazendo escambo, tive o grande prazer de receber o pessoal de Arneiroz na minha casa , conversamos bastante sobre escambo, casa de escambistas, biritamos, escutamos música e a galera foi de boa pro encontro em Janduís, faltou tiquinho de nada pra eu pegar a Kbrita no sábado a tarde e desabar pra lá... Mas mainha falou que era melhor ficar, já que não tinha dado certo antes, era pq não era pra ir, escutei a mestre lá de casa e fiquei por aqui. Curtindo meu velho, amigos da escola Ayrton Senna e organizando algumas coisas pra semana. Fiquei vibrando positividades para os companheiros, fiquei feliz por conta do pessoal do Mucuim esta novamente no escambo. E fiquei na rede tentando saber de algo, até que chegou o e-mail do Júnio, feliz da vida por mais um escambo e por mais um título carioca...


Espero que aqui por Fortaleza, a gente continue esse movimento que ainda é muito acanhado... O movimento de estar juntos e fortalecendo a atividade dos grupos escambistas, de agregar mais pessoas e grupos. Próximo escambo é em Arneiroz? Ou é em Recife? Pra Recife já se tem algumas articulações com nossa parceira mãe Diaconia. Pra Arneiroz já tem o quintal do Igor e do Fábio... E aqui fortaleza? David Cangaia me falava de uma atividade pela Messejana, será se não chegou a hora Cangaia? Será que não rolaria uma atividade pelas Santos Dias, promovida pelo Movimento Escambo. Acredito interessante voltar na Messejana pra ver como estão as sementes plantadas no escambo do Planalto do Pici - Fortaleza.

Parabéns aos grupos do escambo que realizam esse escambo de Janduís, parabéns a turma do RN que apareceu nesta rede no segundo tempo pra colaborar na realização desse escambo, parabéns para os grupos do Brasil, que contribuíram também nas discussões, Garota Janduís, Banner...

Fico por aqui, sentindo uma lacuna por não ter ido, mas com muito pensamento positivo e garra pra continuar. Acredito que retorno...

Abraço em Tod@s!!!

-Mac Thiago

__._,_.___

“MANIFESTO DE JANDUÍS - 1991

“Não vamos agredir
agredir não é fácil, mas transfere responsabilidades.
viemos aqui cumprir a nossa missão
a de artistas
não a de juízes de nosso tempo
a de investigadores
e de descobridores
ligar a natureza humana à natureza histórica
não estamos atrás de novidades
estamos atrás de descobertas
não somos profissionais do espanto
para achar a água é preciso descer terra adentro
encharcar-se no lago
mas há os que preferem olhar os céus
esperar pelas chuvas”

AO POVO DO RIO GRANDE DO NORTE

Nós artistas de rua, que temos o céu como limite, a
rua como palco e o povo como parceiro, reunidos de 02 a 05 de maio de
1991 em Janduís(RN), com a colaboração de sua administração popular,
que sofre o eterno mal da seca e vive o regime de calamidade pública,
decretada no município, não podemos afastar a nossa arte do sofrimento
da população que sofre o paradoxal autoritarismo de um regime
democrático, castigado pelo abandono e isolamento político.
O nosso teatro reflete a realidade, resiste às
intempéries da história e luta pela vida acreditando plenamente na
construção de uma sociedade igualitária e justa.
Sendo assim nada imploramos para o teatro e sim
exigimos: o cumprimento da Constituição Federal no que concerne aos
direitos fundamentais do cidadão, quer seja, MORADIA, ALIMENTAÇÃO,
EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, LAZER E ENTRETENIMENTO. Não
reivindicamos o abstrato, mas o real. Acentuamos que essas conquistas
ao serem efetivadas garantirão a nossa emancipação social, política e
cultural, e seremos definitivamente cidadãos plenos e livres.

I ESCAMBO TEATRAL DE RUA
Janduís, 05 de maio de 1991.

CIA TEATRAL ALEGRIA ALEGRIA – NATAL-RN
GRUPO BOCA DE RUA – CURRAIS NOVOS-RN
GRUPO FOLIA – CARNAÚBA DOS DANTAS-RN
GRUPO ESCARCÉU – MOSSORÓ-RN
GRUPO EMANDUÍS – JANDUÍS-RN
GRUPO NHANDUÍ – JANDUÍS-RN
GRUPO TERRA – MOSSORÓ-RN
GRUPO CANAL CULTURAL – AUGUSTO SEVERO-RN
GRUPO TEATRAL DE ICAPUÍ- CE

1
Há uma grandeza
humanizadora e libertadaora implícita na história e existência do
Escambo, mas há práticas mesquinhas, desfocadas, consumistas,
anti-éticas entranhadas no pensar e fazer de muitos de nós que
muitas vezes passam despercebidas ou como coisa normal.
É como se, na prática, a gente visse como fato consumado as
regras impostas pelo “capitalismo mundial integrado”, como diz
Jacques Derrida. Não podemos maquiar essas coisas nem antes
nem durante nem depois das festas temporárias dos encontros do
Movimento. Senão, espetáculos e mais espetáculos,
intercâmbios, reflexões e encaminhamentos, mas na volta para
casa tudo passa a ser o de sempre. Temos consciência do efeito
Escambo na vida de muita gente e embora pareça muito o que
conquistamos, ainda é escasso para a sonhação de duas décadas
e do que há de produção simbólica não sistematizada, podendo
servir definitivamente à construção afirmativa do nosso ideário
Escambo Popular Livre de Rua.

RAY LIMA
Se pudéssemos sintetizar, diria que essencialmente “visões de
mundo e práticas vitais, tendo as linguagens da arte e a cultura
popular como fonte e ferramenta principal de reinvenção da vida e
da sociedade.” Mas na prática o Escambo tem sua origem na luta
política, a princípio, de forçar o Estado a investir mais e
corretamente em arte e cultura, em políticas duradoras e
democratizantes. De fazê-lo corrigir distorções e desigualdades
entre o crescimento econômico de poucos sobre o flagelo de
muitos. De debater com a sociedade o nosso direito ao bem-estar
que envolve o acesso aos bens materiais e imateriais, da arte à
economia, da água e o alimento à moradia; da saúde à educação,
da propriedade ao cuidado ambiental; da criação à expressão e
circulação do saber. Portanto, nosso escambo está imbricado
nessa liberdade de expressão que é para valer para todos, na
diversidade e soma de conhecimentos essenciais à garantia da
dignidade humana e á preservação e cuidado com a vida e sua
existência em todos os universos.
RAY LIMA

Acho que o modo de realização dos encontros continua meio
parecido. Talvez o modo de participar dos grupos e escambistas
em geral mudou. Parece que hoje somos mais soltos, mais livres e
por isso achamos que evoluímos, democratizamos os processos de
participação, mas é uma visão enganosa. No início as coisas,
embora parecessem mais rígidas, por conta do compromisso
exigido no interior dos grupos e destes em relação aos
escambistas nos encontros. Os debates eram mais calorosos e
politicamente mais interessantes e geravam mais interesse. Dava
a impressão de haver um desejo, uma necessidade real e urgente
de transformação concreta de cada lugar onde residia um grupo
do movimento.
RAY LIMA
Show mais que Show.
Movimento dando Movimento ao Movimento.

Esse ESCAMBO provou que não precisamos de quantidade é sim Qualidade.
Seres que vão em busca de uma Sociedade diferente e que faça a diferença.
Diferença essa que não fere as indiferenças.

Sentimento que trago e levo pra onde quer que EU va.
No ESCAMBO vou embusca do diferente pq o comum bate todo dia minha porta.

Buscar Sentimentos, olhores e Dialogar com o novo.
Buscar Comida diferente.
Buscar Músicas diferente.
Buscar Teatro diferente.
Viver um, dois três dias com uma intensidade, pq sei que o comum vai voltar a bater na minha porta.
O comum é tão comum que não me provoca, EU é que tento por pra fora esse comum.
E no Escambo busco isso com intensidade.

Seres que buscam isso.
E assim vamos, sabendo que temos muito ainda por buscar mais temos certeza ou quase que estamos no caminho certo.

Ricardo Mais que Show - Diferente até no Nome.

"Fracasso Produções e Olho Gordo Evento - Sua Ação em boas Mãos"

Ricardo É Show

A
Muitos são os questionamentos, muitas são as discurssões, muitos são os pensamentos, muitos são os desabafos, desafetos... enfim... Acredito que as discurssões são válidas, e que só se cresce com diálogo. Não estamos aqui pra questionar o pensamento de ninguém e ou coisa do tipo, se discutimos é porque acreditamos que devemos melhorar sempre, concordo Com o Júnio quando ele diz que não é uma frase colocada no twiter de alguém que não participa e na minha opinião não tem a cara do movimento que vai impedir que ele continue sendo livre.
Sou desse movimento porque ele me faz sentir-se maior e mais forte, porque condiz com minha forma de pensar e de agir sobre o mundo, quero apenas que ele se torne cada vez mais popular, onde cada vez mais possamos estar em contato com o povo e claro dentro de nós mesmos.
Assim como eu faço teatro pra levar algo de bom para o mundo, também participo de Escambo porque ele deixa algo de positivo em cada lugar que passa. Se Alguem disse que o povo de Janduis não achou o escambo positivo, talvez seja porque não vê compromisso e nem seriedade de escambistas da propria cidade com o seu povo.
Temos que compreender que não somos unidos pelos espetáculos, nem pelos lugares que passamos, pensamos diferentes sim é verdade, mas temos em comum um enorme amor pelas pessoas, pelo mundo e pela liberdade e enquanto estivermos amando a tudo isso e claro nos amando também eu estarei presente e tenho certeza que muitos também.

Queremos no movimento pessoas comprometidas não somente com o nosso fazer artístico mas principalmente com nosso fazer social.

Serginho Cia Arte e Riso de Umarizal.


A outra dimensão do Escambo diz respeito a ele como movimento
cultural ético-político-estético de transformação que precisa
avançar. Caminhar sob a ótica de uma filosofia alicerçada em
uma práxis que nos leve a práticas novas sem perder de vista a
história até aqui vivida. O Movimento carece de mais
sistematizações do já vivido. Como vimos, por trás de cada
encontro existe toda uma história, uma série de desafios que
precisam ser compreendidos, reflexionados porque refletem
realidades grupais e individuais que devem ser superadas. Os
nossos artistas são filhos do povo e carregam duas tarefas
árduas: exercer sua função de artista e dar conta da superação da
pobreza familiar e pessoal em que vivem. Daí também a estética
escambista não poder se afastar de uma ética e de uma
consciência política transformadora muito forte. A história de
cada encontra é também a história das limitações e potências,
das práticas culturais, cidadãs e não cidadãs de cada lugar, dos
grupos sujeitos que os provocam e protagonizam. Sistematizar
esses processos significa refletir sobre a experiência do Escambo,
que é traduzida pela trajetória experiencial dos grupos; clarear os
caminhos por onde seguir trilhando ou não.

RAY LIMA
Participamos inté inda agora do 30º Escambo, comemorando os 20 anos do movimento escambo, com a participação de uma média de 200 artistas integrantes de 32 grupos e algumas ausências sentidas que fizeram muita falta nas rodas de conversa, no contato com a população janduiense e numa maior pluraridade e oferta de arte.

Como novidade tivemos a participação - pela primeira vez - da palhaça Keke Kerubina Rosa Vermelha do Jardim da Vida e Iuri (será q é esse nome mesmo que escutei?) companheiro e parceiro na cena. Keke participou com apresentação do espetáculo e contribuiu com o embate e o debate nas rodas de conversa. Esperamos contar sempre com sua presença entre em todos nós.

O Escambo - molhado pelas constantes chuvas - foi cheio de muitas emoções. Atores e atrizes falaram (sem tempo e sem inscrição) sobre suas vivências no movimento chegando em algum momentos a se transformar em pequenos espetáculos, com o uso de roupas, adereços e muita dramaticidade.

Na última roda de conversa, como já é de praxe - foi o momento de levantar assuntos polêmicos que circularam pela rede antes do escambo, como o fatidico cartaz equivocado e a vinheta de divulgação da festa de escolha da garota e garoto janduiense que dava pra entender que era realizada pelo Movimento Escambo. Fica como encaminhamento que todo e qualquer material de divulgação com o nome do escambo necessita q a arte final seja enviada e discutida na REDE.

Outro assunto foi a falação do prefeito, na praça, antes da apresentação do grupo Arteiros de Olinda-PE, que no final enfatizou que o escambo só aconteceu devido o engajamento de alguns de seus secretários, citando inclusive aquele que mais tentou boicotar o movimento, não liberando uma das escolas. Um fim de discurso bastante infeliz que contrariou os escambistas que sairam de suas cidades por conta própria, fretando kombis, tomando banho de chuva em cima de caminhões, de moto, pagando passagens de onibus, fazendo rifas de ferro de engomar pra bancar a volta pra casa e vaquinhas entre os companheiros pra bancar despesas de volta. Esses sim, com suas tralhas cênicas expostas em trilhas é que garantiram e sempre irão garantir a realização de uma Escambo.

Aos artistas e a população de Janduís fica nossos agradecimentos pela realização de mais um ESCAMBO nessa estimada cidade


Júnio Santos

Não conhecemos nenhum movimento no
Brasil, popular ou burguês, artístico ou não, que tenha
sobrevivido tanto tempo nas condições em que se faz sem apoio o
apoio do poder público e em determinados lugares de boa parte
da sociedade. Ou seja, aprendemos bem a manter a chama acesa,
mas sem recursos para ampliar, dar qualidade e aprofundar seu
campo de visão
RAY LIMA


XXX Escambo Popular Livre de Rua – 20 anos de insistência e resistência cultural

Em julho de 2010 começamos a discutir o Escambo dos 20 anos em Janduís, quando acontecia o XXVI Escambo em Fortaleza/CE. Daí em diante conversamos no XXVI Escambo de Lucrécia/RN, em setembro de 2010, no XXVIII Escambo de Umarizal/RN, em novembro de 2010 e no XXIX em Guaramiranga/CE, em janeiro de 2011.

Além de todos esses encontros discutindo o Escambo dos 20 anos, conversamos na rede do Movimento via internet, assim como tivemos reuniões em Janduís, no mês de fevereiro e demais momentos. Tivemos muito tempo pensando nessa comemoração, que pareceu ser pouco.

Muitos grupos acompanharam de perto a discussão, outros ouviram falar e alguns vieram apenas para celebração. No meu ponto de vista, foi um encontro de reencontros com nós mesmos, provocativo a ponto de fazer a gente pensar em algo bem maior e arrojado.

Foi um encontro que apaziguou os ânimos dos grupos locais, fez a comunidade sair de casa e acima de tudo projetou um pensamento de futuro para uma nova dimensão cultural para Janduís e região. Sem contar no abraço caloroso que cada um deu na chegada e na saída; nos esforços somados por cada grupo em busca de deslocamento.

São por esses motivos que o Movimento Escambo precisa estar sempre crescendo e a todo momento entrando gente nova, artistas de várias idades de todos os lugares. Juntamos pensamentos diferentes de artistas apolíticos, anarquistas, burocráticos, políticos, uma militância muito ativa.

Em Janduís pensamos em entregar o Troféu Berimbau Mestre Dadá, que não deu certo, sem contar que pensamos numa sala de memória que também não funcionou. Tudo bem, se não deu certo é porque teremos outra oportunidade para tais ações.

Muitos artistas a fim de conversas e outros de curtição o que é natural. Uns perguntando pela nossa ideologia e outros que nem viveram o Escambo querendo calar a roda com palavras de ordem sem ordem. Por que não ter nossas definições pra não irmos pra uma roda discutir aquilo que nem sabemos?!

Nosso esforço sempre foi buscar que cada grupo banque sua própria alimentação, seu transporte, seu espetáculo, mas, há 15 anos acompanho essa discussão e ainda esquecemos nossos pratos, deixamos salas pros de casa arrumar e entupimos os banheiros que todos usam.

Milito nesse movimento justamente há 15 anos. Já vi muitos entrarem e saírem espontaneamente quando os ideários não se batem. Com isso, buscamos sempre locais de aconchego, alimentação onde todos possam fazer e se servir, porque ração quem come é gado e ao contrário será gado também.

Não podemos perder a capacidade de discutir nossos pensamentos sem agredir as articulações locais dos grupos, dos artistas, das pessoas, enquanto a gente não amadurecer e realizar aquilo que pensamos. Será que temos a intenção de dividir o espaço onde cada um constrói com dificuldades? Acredito que não!

Nossos jovens que chegam vêm em busca de aprendizagem cada vez mais, algo que sempre o Movimento fez em sua história. Se drogar, se prostituir nem sempre está no dicionário de muitos que ainda nascem nessa história, ao contrário dos que já viveram repressão e opressão.

E se nós não tivermos horários de café, almoço e janta nos encontros? Não confirmar quem vai, quantos vão, quantos precisamos pra se alimentar? Pra onde estamos indo de verdade? Amadurecer não significa apodrecer.

Sinto o Movimento Escambo como minha casa pela referencia que bebi durante os anos. Será que só Janduís que tivemos tantas discussões questionadoras sobre os apoios nos cartazes, coisas discutidas entre nós?! É importante estar nas discussões pra não chegar aos encontros alienados.

Respeito todas as maneiras de pensar. Agora preciso que me compreendam também. Cada caso é um caso. É a diferença de muitos que nos une e nos mantém vivos há 20 anos. Se alguém é contra falas de políticos ou outros que sejamos claros e coloquemos á mesa. Essa discussão é simples. Ou será que não somos tão “livres de rua”.

Volto a defender a realização os Escambitos, já que a rede não balança pra todos e para que assim possamos somar as idéias e construir cada vez mais. Não somos selvagens pra mandar meu par calar a boca onde a luta, a perseverança e os rumos são os mesmos. Que cada proposta seja de questionamentos e não de silêncio. Nosso barulho é bem mais festivo do que qualquer ditadura.

Nosso encontro dos 20 anos contou com 18 espetáculos, 39 grupos e 193 pessoas, quando tínhamos confirmados 344 participantes. Aanaliso que o número de 200 artistas seja sempre um número flexível de ser trabalhado por questões de acomodações, vivencia de alimentação e menos dispersões. Isso o Movimento é quem define.

Busco me avaliar sempre e avaliar as ações gerais dentro de um contexto menos conflituoso e harmonioso. Foi assim que cresci dentro do Movimento Escambo e aprendi a conviver com o meu oposto em determinados segundos da vida. Viva a arte e suas possibilidades.

Lindemberg Bezerra

Coordenador da Cia. Ciranduís e membro do Movimento Escambo.

www.culturadeferro.blogspot.com



SE O ESCAMBO É TROCA EU TAMBÉM QUERO TROCAR COM VCS MINHAS OPINIÃO SOBRE O ESCAMBO DE JANDUÍS
ACREDITO MUITO NESSE MOVIMENTO, PORQUE É UM MOVIMENTO LIVRE, ONDE ARTISTAS(pessoas), TEM O DIREITO DE SE EXPRESSAR, DE SUA MANEIRA E SEU JEITO.
PRIMEIRAMENTE QUERO AGRADECER A CIDADE DE JANDUÍS POR NOS ACOLHER, AS PESSOAS QUE ORGANIZARAM ESSE ESCAMBO, AS COMISSÕES, AS COZINHEIRAS, A ESCOLA E A CRECHE E TODOS AQUELES QUE DIRETO E INDIRETO CONTRIBUIU COM ESSE EVENTO COMEMORATIVO QUE FOI OS 20 ANOS DE ESCAMBO LIVRE DE RUA.
JA PARTICIPEI DE 3 ESCAMBOS, ACREDITO QUE CADA ESCAMBO TEM UM JEITO DIFERENTE DE SER, AGIR E SE EXPRESSAR, UNS DIZEM QUE ESSE FOI O ESCAMBO DO SILÊNCIO, OUTROS QUE FOI O ESCAMBO DAS PERGUNTAS E RESPOSTAS, OU DAS INTERROGAÇÕES.
ME CONSIDERO ESCAMBISTA, SOU ESCAMBO, SOU DO MOVIMENTO ESCAMBO LIVRE DE RUA, ME SINTO EM CASA, ESSE MOVIMENTO TEM UM SIGNIFICADO MUITO IMPORTANTE EM MINHA VIDA, FOI NELE ONDE EU ENCONTREI E ENCONTRO PESSOAS QUE EU POSSO TROCAR MINHAS EXPERIÊNCIAS ARTISTAS, FOI NESSE MOVIMENTO ONDE HOJE EU PARTICIPO E DIGO QUE SOU ESCAMBO, ONDE ENCONTRO PESSOAS COM OS MESMO OBJETIVOS QUE MEUS E MESMO IDEAL.
ACREDITO MUITO NESSE MOVIMENTO E SEI QUE ELE FAZ PARTE DA VIDA DE TODOS AQUELES QUE ACREDITA EM SUA POTÊNCIAS E SEU OBJETIVO.
SOMOS FRUTOS DE NOSSOS TRABALHOS, SE PLANTAMOS COISAS BOAS, COLHEREMOS COISAS BOAS. E VISE-VERSA.
AGORA É HORA DE CONSERTARMOS O ERRO QUE FOI COMETIDO, SE OUVE ERRO. AGORA É HORA DE CALA A BOCA, QUANDO FALA-MOS DE MAIS E NÃO DEIXAMOS AS PESSOAS FALAREM, SE FAZEMOS ISSO. AGORA É HORA DE FICAR-MOS EM SILÊNCIO E DEIXAR AS PESSOAS QUE NÃO FALAM FAREM, SE FIZEMOS ISSO. AGORA É HORA DE FAZER UM NOVO ESCAMBO QUE É EM OUTUBRO EM RECIFE, AGORA É HORA DE DAR-MOS SUGESTÕES AO ESCAMBO DE RECIFE, COMO VAMOS FAZER. INVÉS DE PROCURAR AS NOSSAS FOLHAS, ONDE ERRAMOS, PORQUE NÃO PODEMOS FAZER COM QUE ESSAS FALHAS SEJAM COLOCADAS COMO OBSERVÇÃO PARA QUE NO PROXIMO ESCAMBO, NÃO PERCAMOS MAS TEMPO TENTANDO JUSTIFICAR O QUE FOI FEITO, SE ERRAMOS MASSA, VAMOS AGORA TENTAR NÃO COMETER MAS OS MESMOS ERROS, SE ACERTAMOS MASSA. ESSE ESCAMBO POSSIBILITOU FLUÊNCIAS PARA NOVAS IDÉIAS DE VIVER EM COLETIVO
CHEIRO PARA TODOSSSSSSS
LEO ARTEIROS/IFA RHADHA OLINDA PE



A Chuva Fina caia na cidade de Janduís-RN, quando chegamos no Escambo. Cansados depois de 12 horas entre retornos, retornos e mais retornos...rsrsrrs. Sem contar a saga do Grande Buraco do Recife que quase engoli uma das kombis na saída do Parque 13 de maio. Ao chegar muitos do MTP-PE( Movimento de Teatro Popular de Pernambuco) já foram procurando onde iriam ficar, já que conheciam a dinâmica do escambo, eu me abriguei debaixo do brasileirinho e comecei a contemplar a movimentação, senti que era o momento de ser a observadora, veio então, o Leo do grupo Arteiros de Olinda que foi escambiando algumas coordenadas...

Em seguida já encontro com Junior e Filippo, abraço forte de boas vindas. Pronto! Iniciava-se o escambo na caminhada da Trupe Circuluz e também da Cia Tapete Criações Cênicas (já que agora é uma trupe aqui e outra acolá).

Quando adentro a escola, lugar onde ficaríamos convivendo por esse dias e encontro Lampiões e Marias Bonitas preparando-se para um bailado cangaceiro em meio a muitos outros escambistas que passavam, uns para banhar outros para ver e eu ali também passando de mochila na costa e arte no corpo, tive a constatação, simples, profunda e emocionante da força e capacidade de articulação desse movimento, sensação que me acompanhará ate sempre, precisa-se de pouco e muito para a AÇÂO.

Musica, Poesias, Conversas, Comer, Parar, Não fazer nada, Fazer tudo ao mesmo tempo, Calar, Ouvir, Falar... Trocar. Dessas praticas constrói-se este movimento libertário e popular.

Assistir muitos espetáculos e também apresentei o Circuluz Brincante, onde conversei de pe de ouvido através de Keke Kerubina com muitas pessoas foi uma roda grande, muito aprendizado. Nela dexei algumas coisas e trouxe tantas outras.

A Kombi palhaça mamadeira, agora com sílios, fez sucesso ela se achou puderosa desfilando nesse sertão.

Lembro que em uma das rodas de conversas acho que a ultima, Rai Lima falou que ate hoje na há como dizer o que é o Movimento Escambo, pois afinal são tantas coisas. E concordo não há necessidade do “o que é?” Para que ser um, se pode ser vários, afinal a incompreensão provoca, deixa as caixinhas rotuladoras para que precisava “Dominar” ou Nominar.

Mas afinal, não teve nada de ruim é tudo bom, beleza? Como é isso?Mas para que vou falar desses assuntos, se o melhor, foi o melhor que ficou em mim e no Iure Olinda palhaço parafina, e acho que também em todos... As outras coisas, falamos lá, na roda, e nela os pensamentos circularam e ainda iram ser degustados, aos poucos, remexendo em muitas coisas dentro de cada um.

Em fim, minha Pressão foi a 200 por 13 nesse dias (utilizando a fala do palhaço das ruas de Janduís)

OBRIGADA POVO ESCAMBISTA DE JANDUÍS,

OBRIGADA MOVIMENTO ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA,

OBRIGADO MTP-PE

ATE O PROXIMO!

RAQUEL FRANCO, PALHAÇA KEKE KERUBINA

NATAL 02/05/2011
Porque sou do ESCAMBO?
Hora porque!porque sou livre,o escambo é livre,mas é claro que num é livre pra tudo,é livre pra quem tem o compromisso de fazer,de sentir e amar arte!!e é
como serginho disse,no escambo estamos sempre rodeados de escambistas que adimiram e que contribuem para seu trabalho para os eu trabalho."Apesar que tem uns que não gostam"mais isso faz parte e é até engraçado!!!!!!
então clariando mais as coisas sou do escambo pq gosto de está,gosto de ouvir para apender quando com os mais experientes estão falando;porque gosto de trocar experiencia com os outros escambistas e gosto de ser escambista!!!!!!
Abraço Para Todos!!!!!

Arthur Rodrigues - Bússola de SAturno/Os Cangaia


Crianças do meu Brasil Varonil, Boa Noite!!!!!

Não sei nem por onde começar a falar!!! as vezes acho que é "mió-calá", pois alguns de nós sempre entra na defensiva ou acaba levando para o pessoal (não o pessoal coletivo mas o pessoal individual, hehe), questões levantadas nesta rede, que fica difícil se estabelecer linhas de raciocínios (lógicos ou ilógicos) . Mas vamos lá !!!

Em primeiro, gostaria de agradecer aos companheiros de Janduís pela luta de se realizar um escambo. sabemos das "dificutibilidades" e de todos os "probremas" de se sediar um escambo. mas mesmo assim temos ônus. é gostoso e muito gostoso quando vemos que meses de articulação, de angustia, de corre-corre e etc. Se resulta nessa coisa doida que é o escambo. Isso não tem preço! (Mas para as outras coisas da vida tem mastercard). senão não faríamos. Tenho até pensado sobre isso e depois de 05 segundos de analise proponho: Se todo mundo reclama quando faz escambo em sua cidade, por que não não fazermos mais escambos??? se é tão ruim? porque não fazemos um escambo na rede net.? éééé faríamos nossas plenárias por skipe, não gastaríamos com transporte (só com lan house), quem tiver web cam, apresenta seu espetáculo em frente da web cam para que todos os outros possam ver. não teríamos problemas com alimentação, pois quem estiver em casa come comida de casa e quem estiver na lan house lancha qualquer coisa.. pois tá lançada minha proposta: próximo escambo local Rede Mundial de computadores....Apoio: Bill Gates

ô Putaria Boa!!! é esse Tal de escambo... esse troço é tão cheio falhas, de erros, de contradições disso e daquilo outro que nos faz não sair dele. justamente!!! nem tudo é um mar de rosas, isso não existe! o movimento tem essa força porque é feito por humanos gente de carne e osso, e não por uma empresa ou um bureal (birô em brasilês) com formas e plataformas, normas de conduta e regulamento (se fosse primeiro que eu não taria e segundo nenhum de nós estaríamos pois não nos enquadramos nesses tipos de perfis). E por não ter rotulo nem padrão, cada escambo é cada escambo, com suas particularidade, especificidades e tudo mais (já falei sobre isso em outros e-mails e muitas outras pessoas tb, então deixemos de lado esse lance, certo? continuemos).

Bom Galera vou par por aqui em cinco minutos retorno continuando com a segunda parte do e-mail. heheheh

ps. essa é uma estratégia, e-mail grande pouca gente lê, e-mail curto e médio é mais fácil, heheheheheh
FILIPPO RODRIGO

Somos... O povo!

Ouvi a batida de um tambor

E vi uma cara pintada na esquina.

O palhaço brincando com a criança

Aquela moça que sorri e dança para o povo.

Nós somos verdadeiramente o povo

Levamos arte aos lugares mais distantes.

Promovemos a cidadania em todos os becos e periferias.

Andamos com as nossas bolsas cheias

De esperança, amor, amizade respeito,

Solidariedade, arte e atitude.

Ocupamos as praças, as avenidas e as escolas

Carregamos conosco

Um sorriso no rosto de quem faz sorrir o outro

E a emoção de quem emociona o outro.

Respiramos o mesmo ar

Sonhamos os mesmos sonhos

Lutamos as mesmas lutas

E ocupamos todos os lugares.

Porque somos grandes em mente, corpo e em voz

Somos gigantes nas ruas e nas praças.

Transformamos lixo em arte

E arte em vida.

De um muro esquecido fazemos uma obra de arte.

O som do berimbau é a nossa expressão de luta.

Deixamos os nossos poemas no pensamento de todos.

Fotografamos o inexplicável

E filmamos o que muitos acham bobagem

Nos expomos ao ridículo, e viajamos ao infinito.

Tentamos pegar o sol com mão

Para não vivermos na escuridão

E fazemos da rua a nossa morada.

Mudamos a vida das pessoas nos lugares que passamos.

Já até passamos fome e por fim temos um nome.

Movimento Popular Escambo Livre de Rua.

Sergio Rubens (poeta do Movimento Popular Escambo Livre de Rua)



Olá Escambistas

Começando pelo pontos das discussões, não acho que as discussões das rodas foram ataques pessoais a ninguém, nem desnecessárias muito pelo contrário, estávamos discutindo e problematizando fatos que ocorreram num processo, desde de antes da construção desse escambo de 20 anos, debatemos as nossas contradições e vamos continuar debatendo essas contradições, pois isso nos faz caminhar, o que me assusta é uma falsa moral e um puritanismo que é bem comum no ambiente cínico da academia e nas assembléias parlamentares da vida, esse escambo teve momentos lindos que ao meu ver superam todas as nossas críticas e deslizes mas não é por isso que não vamos discuti-los, cada pessoa tem sua maneira de se expressar e pode ecoar de diferentes maneiras para cada individuo, o que devemos exercitar é se apegar a ideía do sujeito e não ao sujeito em si, não é por que sou amiga de fulano ou sicrano que vou defender segamente o que esse sujeito fala sem ao menos analisar suas colocações, pois descordo dos meus amigos a todo instante, então no escambo sinto que ao longo dos anos aprendemos a nos respeitar, mesmo discordamos um do outro e por mais que formos para embate no outro momento no escambar ou nas conversas a parte estamos brincando e confraternizando, a discussões são no momento e não devem ser uma barreira à relação. claro que a hipocrisia não é bem vinda e ninguém nasceu pra agradar a todo mundo, se não simpatizo com alguém ou alguém não simpatiza comigo não precisamos nos amar falsamente por estarmos no escambo mas o respeito é essencial e isso não pode ser violado, cada escambista tem o direito de se expresar da forma que achar conveniente e cada escambista tem direito de divergir ou não do pensamento do outro, em todo os escambos que participei nunca vi ninguém de fato desmerecer alguém por suas colocações vejo brincadeiras, tirações de onda que estranham nossas ações mas tudo isso com clima de esportiva, por temos essa forma natural de lidarmos com as questões, utilizamos do humor para lidarmos com nossos supostos "problemas". O escambo continua esses vinte anos resistindo por ser diverso, complexo e completamente mutável. e acredito que esse é o espírito, dinâmico e contraditório como nós mesmos e a própria vida. Parafraseando o Amir Discutir não doi o que doi é se retrair. beijos
PATRICIA CAETANO



Os grupos sabiam que mudar a realidade cultural de sua cidade
estava relacionado a outras mudanças da macropolítica em nível
regional, nacional ou global e vice-versa. Quando o bicho pegava
em algum lugar, a gente ia lá, fazia um Escambito, intervinha,
discutia com prefeitos, vereadores, com padres, pastores,
lideranças locais e diretamente com a população em nossas rodas
na rua ou em espaços comunitários, de acordo com cada cidade.
Era difícil haver um espetáculo sem uma posterior conversa sobre
a vida, o mundo, a arte, o dia a dia de cada canto por onde
passássemos. Uma intenção pedagógica estava muito presente em
nossa ação artística. Não só no que os espetáculos eram capazes
de expressar, dizer ou provocar no público. A gente queria saber
também da vida das pessoas, como elas viviam e enxergavam o
mundo, sonhavam viver. Realizávamos mapeamentos culturais
rápidos e nos situarmos sobre a realidade de cada comunidade.
Isso dava enorme embasamento para uma relação mais dialógica
no momento das apresentações e das rodas dialogadas com a
população. As pessoas passavam também a saber mais de nós.
De onde vínhamos, o que fazíamos e prendíamos ali. Ou seja,
nossa função ficava explicitada e a relação mais aberta e igual.
Isso é mais do que apresentar um espetáculo e achar que ele se
basta a si mesmo ou é autosuficiente. Um escambista carrega a
responsabilidade de exercer sua função de artista da melhor
forma e com a maior dignidade possível. Para tanto, cabe-lhe o
papel conhecer e se deixar conhecer, de instigar a reflexão do
outro sobre o estar no mundo para além do prazer estético,
praticando sua arte ou como um simples cidadão que conversa na
calçada entre um gole de café e uma dentada num pedaço de
tapioca. Ou seja, não precisamos deixar de ser artistas quando
estamos sendo cidadãos, nem de ser gente quando estamos sendo
artistas.
RAY LIMA











Olá Escambistas
Ontem a noite estava de cama, após o sábado que peguei uma infecção
intestinal depois que comi o lanche da escola em que trabalho, não sei
se o culpado foi o suco de manga ou meu corpo que não estava bem,
então por conta de meu estado parei um pouco minha rotina e tive o
privilégio de assisti no domingo a noite imagens reais do Maio de
1968, estava desde a volta do Escambo de Janduís refletindo sobre as
coisas, sobre o que falei nas rodas, sobre o que escutei, vi e senti
nesse Escambo dos 30 anos, sou uma pessoa empolgada e movida pela
emoção desde sempre, nunca entro em nada pela metade e não gosto de
fingir que faço algo, então desse modo vou até as ultimas
conseqüências no que faço e vez ou outra junto os cacos que restaram
da batalha. Reli o escambiose especial que o Jadiel propôs ao Ray e
destaquei pontos que penso ser essenciais para refletirmos para nossa
caminhada enquanto movimento daqui em diante, por Júnio Santos e Ray
Lima estarem desde o inicio do movimento os dois tem repertório que
nós ajudam em algum momento a pensarmos sobre nossas ações, quero
dividir com todos algumas passagens desse escambiose especial para
servir de mote para nossas próximas ações e uma das mães concretas e
sinalizadas é o escambo de Recife, para reflexão trago a passagem de
Ray que diz "Há uma grandeza
humanizadora e libertadaora implícita na história e existência do
Escambo, mas há práticas mesquinhas, desfocadas, consumistas,
anti-éticas entranhadas no pensar e fazer de muitos de nós que muitas
vezes passam despercebidas ou como coisa normal. É como se, na
prática, a gente visse como fato consumado as
regras impostas pelo “capitalismo mundial integrado”, como diz Jacques
Derrida. Não podemos maquiar essas coisas nem antes
nem durante nem depois das festas temporárias dos encontros do
Movimento. Senão, espetáculos e mais espetáculos,
intercâmbios, reflexões e encaminhamentos, mas na volta para casa tudo
passa a ser o de sempre. Temos consciência do efeito Escambo na vida
de muita gente e embora pareça muito o que conquistamos, ainda é
escasso para a sonhação de duas décadas e do que há de produção
simbólica não sistematizada, podendo servir definitivamente à
construção afirmativa do nosso ideário Escambo Popular Livre de Rua".
( Escabiose especial - 20 ANOS - Ano XX n° 01) Essa passagem reflete
muito o que penso mas que até agora tinha dificuldades de expressar em
palavras, por que sempre me incomodou o fato de voltarmos para casa e
termos os mesmos velhos problemas, meio como se o que dizíamos, que a
participação no escambo nos renovava fosse somente falácia, e ficava
me perguntando como temos pretensão de mudarmos o mundo através do que
fazemos se não conseguimos nem mudar nossas atitudes, nosso quintal,
nossa família? quando falo isso aplico diretamente a mim e
consequentemente aos diversos escambistas que fazem parte do Escambo.
enquanto continuarmos separando o Movimento Escambo da nossa vida
diária e cotidiana só caminharemos e retrocederemos, onde vou falo do
movimento e me orgulho de fazer parte dele mas não vejo isso em todos,
sei que muitos escambistas levam a bandeira do movimento aonde quer
que vão, mas por outro lado diversos companheiros nossos se esquivam
em determinandos lugares e não assumem serem escambistas, na semana
passada estive em evento da universidade, um seminário de arte e
cultura promovido pelo NAC -UFRN onde falei ser do movimento e escambo
e dizer que vários grupos faziam parte desse movimento e produziam sua
arte para além de Natal pois um dos professores da mesa Robson
Randcraft sei lá o que, disse que em Natal só tinha 2 ou três grupos
de teatro e dois ou três grupos de dança e que não se tinha produção,
depois dessa fala pedi a palavra registrei que isso não era verdade,
citei o Movimento Escambo e pessoas que inclusive já participaram do
Movimento me olhavam como se estivesse maculando o recinto sagrado da
acadêmia com minha fala, ás vezes me sinto no grande freak show que os
Estados Unidos está armando com essa suposta morte de Osama, as
pessoas sabem que as coisas são falsas mas ninguém se atreve a falar e
deixam as pessoas irem para casa pensando que o fulano de tal que tem
a palavra falou só verdades inabaláveis, e aí eu percebo quanto o
conhecimento pode ser perverso quando usado para manipulação alheia, e
quanto como movimento Escambo precisamos discutir questões urgentes e
básicas que são ignoradas quando nos encontramos, o Ray em outra
passagem do escambiose nos diz "No entanto, não desenvolvemos uma
cultura escambista capaz de atingir a prática cotidiana dos grupos de
forma consistente. O sonho do Escambo como prática ética, estética e
política me
parece que ainda passa por longe da cabeça e da atitude diária de
muita gente. O problema da renovação constante dos participantes a
cada encontro torna difícil a continuidade de muitos processos
importantes para a formação dos escambistas e algumas aprendizagens
essenciais para afirmação do ideário do Movimento Escambo Popular
Livre de Rua. Reunir grupos ou uma massa considerável de artistas em
determinadas épocas e lugares não nos basta. É preciso fazer disso um
acontecimento político e cultural de transformação que mexa ao mesmo
tempo conosco, com nossa prática, e com a cabeça e a atitude de quem
nos vê trabalhando, agindo. Não podemos sair impunes nem quem ousa
provar da nossa experiência". é isso vou parando por aqui pois como
Filippo diz e-mail grande ninguém lê. abraços e vamos escambando pela
rede.

olá galera escambista
Ao ler o email da Patricía acabei pensando numa coisa, o que me leva a fazer parte do Escambo?


Por que eu sou do escambo?

Estive pensando nesses últimos dias, o que me leva a fazer parte desse movimento, o que me leva a me sentir tão bem quando estou rodeado de escambistas, quando estou conversando, quando estou nas rodas e fora delas, o que me leva a fazer parte do escambo? E você, o que te leva a fazer parte do escambo?

Sou do escambo porque nele eu me sinto forte, livre, nele eu posso me expressar, posso ver o que o povo pensa sobre mim e sobre o mundo. Posso aprender coisas que jamais aprenderia em outro lugar. Eu vejo o escambo como uma filosofia de vida, como uma experiência única O Escambo é tão interessante que se conversa, se discute e não se chega a uma definição.

Faço parte do escambo porque nele eu não preciso ser um universitário, onde eu preciso defender teses e teorias, não preciso ser alguém que trabalhe e que não possa se expressar da forma que pensa senão vai pro olho da rua, no Escambo eu não preciso ser o filho obediente, o amigo fiel, o cara comportado, o homem que aparente ser bom, não preciso ser capitalista nem socialista, não preciso acertar sempre, nem preciso me preocupar com a imagem que os outros tem de mim, na verdade eu sou do Escambo por que nele eu não preciso seguir as normas que a sociedade impõe e nem fingir ser alguém que eu não sou, sou do Escambo porque nele eu não preciso ser mais nem menos, eu posso ser simplesmente eu, Serginho.

E vc? Porque vc é do Escambo?


Serginho, Cia Arte e Riso.

XXVIII ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA - UMARIZAL-2010

XXVIII ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA - UMARIZAL-2010

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Mostrar o contraste entre o belo da natureza, de uma arquitetura atrativa e artística e o feio produzido pelo descaso dos humanos.